terça-feira, outubro 07, 2025

⚡️⚡️⚡️ As baixas militares russas na sua guerra contra Ucrânia em 2025

Perdas russas verificáveis, setembro de 2025 via Oryx

O projeto ucraniano «Quero Viver» divulga as perdas do exército russo nos primeiros oito meses de 2025, e os números são impressionantes. Em 243 dias, a rússia perdeu 281.550 homens entre mortos, feridos e desaparecidos. 


Dados russos obtidos pelo projeto «Quero Viver»

Destes:

  • KIA: 86.744 mortos, incluindo 1.583 oficiais e 8.633 reclusos;
  • MIA: 33.966 desaparecidos, incluindo 11.427 reclusos;
  • WIA: 158.529 feridos, incluindo 6.356 oficiais e 16.489 reclusos;
  • POW: 2.311 capturados. 

As perdas de equipamento militar totalizaram 13.145 unidades irreparavelmente perdidas, enquanto 48.458 poderiam, em teoria. serem reparados. 

As perdas médias mensais são de 35.193 efectivos e 7.700 unidades de equipamento, das quais 1.643 unidades se perdem irreparavelmente. 

Todos os dias, o exército russo perde em média um batalhão (!) morto ou desaparecido — 496 homens. Todos os meses morrem sete brigadas do exército russo. Estes números são comparáveis ​​às perdas da URSS durante a Ofensiva da Prússia Oriental, quando 126.000 soldados soviéticos morreram, mas a União Soviética ocupou o norte da Polónia e toda a Prússia, incluindo a fortaleza de Königsberg. Os generais russos modernos perderam ineptamente 120.000 homens, mas durante anos não conseguiram capturar a cidade de Pokrovsk.

A taxa de perdas é também bastante reveladora. Devido à falta de um sistema adequado de evacuação dos feridos no campo de batalha, o exército russo possui um rácio de apenas 1,3 soldados feridos por cada morto. Isto demonstra a baixa taxa de sobrevivência dos feridos, que são mal treinados em medicina tática e são geralmente abandonados sem cuidados após serem feridos. 

O grupo de forças «Central», composto pelo 2º e 51º Exércitos de Armas Combinadas, é o líder absoluto em perdas. Segue-se, com uma liderança notável, mas perdas não menos impressionantes, surge o 1º Exército de Tanques, parte do Grupo de Forças Oeste: 9.987 baixas irrecuperáveis ​​e 11.411 feridos. As unidades de elite russas, que o comando das Forças Armadas russas se esforça por preservar, perderam 2.272 paraquedistas mortos e desaparecidos em combate e 3.191 feridos. 

Não é de estranhar que o governo russo não tenha pressa em recolher os corpos dos mortos, ocultando as suas perdas. A única vez em que o Ministério da Defesa russo subestimou significativamente o número oficial de mortos foi a 25 de março de 2022. Por conseguinte, a sociedade russa deve estar mentalmente preparada para a possibilidade de, quando a guerra terminar, ser informada do número real de mortos, desaparecidos e feridos. Desde o início da invasão em fevereiro de 2022, este número já ultrapassou significativamente 1 milhão de efetivos e 50.000 equipamentos. Este é o preço do governo de Putin e do seu apoio entre o povo russo.

domingo, outubro 05, 2025

Os jornalistas são alvos de drone FPV russo em Druzhkivka

No dia 3 de outubro de 2025, os ocupantes russos mataram o fotojornalista francês Antoni Lallican com um drone FPV e feriram gravemente o fotógrafo ucraniano Heorgiy «George» Ivanchenko. 

Antoni Lallican era um fotojornalista radicado em Paris. O seu trabalho foi publicado em diversos órgãos de comunicação social, entre os quais Le Monde, Le Figaro, Libération, Mediapart, Der Spiegel, Zeit, Die Welt, Le Temps, Der Standard, La Presse… Em março de 2022, logo após a invasão em larga escala da Ucrânia pela rússia, viajou para o país. Desde então, tem documentado as consequências da guerra e iniciou um trabalho de longo prazo com os residentes da bacia mineira da Donbas, no sudeste da Ucrânia. Em janeiro, ganhou o Prémio Victor Hugo de Fotografia Comprometida de 2024 pela sua impressionante reportagem «Suddenly the sky darkened» (De repente, o céu escureceu), dedicada à guerra na Ucrânia. 

Heorgiy «George» Ivanchenko, fotógrafo incrivelmente talentoso de Kharkiv, ficou gravemente ferido na região de Donetsk, perdeu muito sangue e os médicos foram obrigados a amputar-lhe a perna. 

Heorgiy «George» Ivanchenko

Escreve a sua amiga, ucraniana Mary Kravchenko: o espera uma série de operações, a longa reabilitação e a colocação da prótese. Se puder apoiá-lo um pouco, aqui está um «pote» que está a ser gerido por uma colega e amiga próxima, Olga: https://send.monobank.ua/jar/6qRivvU8F9 

«George» fotografou bastante para vários órgãos de comunicação social. As suas reportagens foram publicadas no Kyiv Independent, no Reporters e em dezenas de outros órgãos de imprensa escrita e online. Pode assistir a algumas das suas reportagens AQUI 




As reportagens do Heorgiy «George» Ivanchenko

Esta não é a primeira vez que um jornalista é morto por um drone na Ucrânia. De acordo com as Forças Terrestres da Ucrânia, Lallican foi morto por um ataque direcionado de um drone com visão na primeira pessoa (FPV). Os drones com visão na primeira pessoa (FPV) permitem aos operadores ver o alvo antes de atacar. Ambos os jornalistas usavam equipamento de proteção e coletes à prova de bala com a inscrição «Press» (Imprensa). Ele é o terceiro jornalista francês que morre na Ucrânia em resultado da guerra russa de ocupação. 

Desde que a rússia invadiu Ucrânia em 2022, foram mortos 17 jornalistas: Antoni Lallican, Tetyana Kulyk, Ryan Evans, Arman Soldin, Bohdan Bitik, Brent Renaud, Frédéric Leclerc-Imhoff, Ihor Hudenko, Maks Levin, Mantas Kvedaravičius, Oksana Baulina, Oleksandra Kuvshynova, Pierre Zakrzewski, Roman Nezhyborets, Yevgeny Bal, Yevheniy Sakun, Zoreslav Zamoysky. 

«Juntamente com Antoni Lallican, estes jornalistas pagaram com a vida as suas reportagens no terreno», afirmaram a Federação Europeia e Internacional de Jornalistas (EFJ e IFJ). «Prestamos homenagem à coragem de Antoni Lallican e de todos os jornalistas que continuam a cobrir a guerra. Exigimos que os autores deste crime sejam levados à justiça».

Mesmo numa guerra de drones, um homem com uma espingarda pode deixar a sua marca

A britânica «Times» publicou um bom artigo de Maxim Tucker, dedicado ao sargento ucraniano, ao atirador-herói «Rus» e aos seus companheiros, que passaram 50 dias numa casa cercada por russos e, durante todo esse tempo, escondidos numa cave impregnada do cheiro da morte, destruíam os ocupantes russos com uma série de ousadas emboscadas. 

O sargento ucraniano com o indicativo «Rus» defendeu duas pontes perto de Dobropillya durante 50 dias. Liquidou, pessoalmente, 27 soldados russos. Por isso, a sua unidade, a 14ª Brigada «Chervona Kalyna», recomendou-o para a medalha de Herói da Ucrânia, a mais alta honra militar do país, escreve o The Times.

Juntamente com soldado «Artista», entraram na aldeia no final de julho de 2025 com mantimentos para duas semanas. A sua tarefa era simples: defender duas pontes. Em vez de 14 dias, resistiram durante 7 semanas sob ataques de drones, artilharia e infantaria russos.

Dividiram-se em pequenos grupos, limparam casas e prepararam emboscadas. Um rádio russo capturado ajudou, o que lhes permitiu ouvir os movimentos do inimigo. Os drones ucranianos observavam de cima e coordenavam-os.

Os russos avançaram em pequenos grupos. «Rus» esperava até que se aproximassem aos 30 metros e só então abria fogo. Ele e os seus camaradas armaram repetidamente emboscadas, obrigando os ocupantes russos à recuar e a desaparecer do campo de batalha.

Em 50 dias, «Rus» liquidou, pessoalmente, 27 soldados russos. Isto foi confirmado pelos operadores de drones. «Ele abateu-os mesmo, só que com armas ligeiras», disse o seu comandante.

As condições eram desumanas. Viviam em ruínas, alvos constantes de armas russas. Lavavam-se apenas com toalhitas húmidas. O maior descanso era tirar o capacete ou o colete à prova de bala durante meia hora.

Ao 30º dia, um morteiro destruiu o seu abrigo. «Rus» escondeu-se na cave nesse momento, enquanto «Artista» sofreu uma contussão e ferimentos de estilhaços, conseguindo mais tarde escapar e chegar ao hospital. «Rus» ficou e continuou a luta.

Após 50 dias, ele e outros quatro soldados de infantaria foram finalmente substituídos. Estiveram dois dias sob fogo e ataques de drones kamikazes.

«Rus» regressou à Ucrânia livre com a reputação de guerreiro que, sozinho, impediu o avanço russo com uso de paciência e emboscadas.

«A história de Rus sobre as repetidas emboscadas contra os russos, confirmada e complementada por operadores de drones que o viram, pelos seus vídeos e colegas comandantes, demonstra como, mesmo numa guerra cada vez mais travada por robôs, são os combatentes individuais que podem ser vitais para a vitória». 

Na versão online, aliás, o título tem exatamente esta mensagem: «Even in a drone war, one man and a rifle can make his mark» (Mesmo numa guerra de drones, um homem com uma espingarda pode deixar a sua marca). 

Ler mais em inglês (somente aos assinantes).

sábado, outubro 04, 2025

⚡️❗️ Operações Especiais da Ucrânia atingem navio russo no interior da rússia

Pequeno navio de mísseis «Grad» do projeto 21631 «Buyan-M». Foto: OSINT

Na noite de 4 de outubro de 2025, as Forças de Operações Especiais (SSO) da Ucrânia atingiram o navio russo de mísseis «Grad», projeto 21631 «Buyan-M» (n.º de registo/da matrícula 575). A operação decorreu às 4h31 da manhã nas águas do Lago Onega, localizado no interior da república da Carélia.

De acordo com os dados preliminares, o ataque ocorreu na parte direita do compartimento da central elétrica do navio. Como resultado do ataque, o navio sofreu danos críticos, o que limitou significativamente a sua manobrabilidade e eficácia em combate. 

O navio estava em transição do Mar Báltico para o Mar Cáspio, provavelmente para reforçar o agrupamento da frota russa na região sul. A sua rota passava pelas águas interiores da rússia. 

«Grad» é um dos mais recentes navios da classe «Buyan-M», recebido na frota russa do Báltico a 29 de dezembro de 2022. 

A relação de outros navios da classe «Buyan-M» danificados, quantos deles existem e quantos estão a ser utilizados na guerra contra Ucrânia.

Bónus 

Na noite de 4 de outubro, as Forças de Operações Especiais (SSO), em cooperação com o movimento insurgente russo «Chernaya Iskra» (Centelha Negra), atacaram as instalações LAB-LABS (uma instalação para a produção de alquilbenzenos lineares e sulfonatos alquilaromáticos lineares) e ELOU-AVT-6 (uma instalação para remoção de água, sal e processamento primário de petróleo) na refinaria de petróleo Kirishinefteorgsintez, na região de Leninegrado, na rússia. O empreendimento, crucial para o inimigo, está em chamas pela terceira vez em 2025. 

A rússia, respondeu com mais um ataque contra os alvos civis, atingindo comboios de passageiros da Ukrzaliznytsya na cidade ucraniana de Shostka. Existem as notícias sobre cerca de 30 feridos, além do corpo de um homem de 71 anos foi encontrado num vagão de um dos comboios atingidos por drone russo na estação ferroviária de Shostka, — Ministério Público da Ucrânia da região de Sumy.


sexta-feira, outubro 03, 2025

Lenine como tatoo: entre «amuleto da sorte» e «escudo sagrado»

As tatuagens prisionais são uma espécie de código, a linguagem codificada que pode descrever a pessoa. A imagem do Lenine era muito popular no meio criminal soviético, onde era designada por «tatuagem ícone». Há muitas explicações para a sua existência. 

Uns diziam: a proteção contra a violência da polícia e dos guardas prisionais. Os criminosos soviéticos acreditavam que o guarda prisional não iria disparar contra a imagem do «amado líder» [na verdade os prisioneiros na URSS eram executados com um disparo na nuca] e não ousaria golpear a face de Lenine com um bastão. Na verdade, era muito mais uma esperança psicológica do que a garantia real.

Outros afirmavam: é uma espécie de escudo sagrado. Na cultura prisional soviética e russa, acreditava-se que o rosto de Lenine ou de Estaline protegiam o dono da morte e do infortúnio — quase como um amuleto. Havia também uma explicação sobre o prestígio. Estas tatuagens eram feitas apenas aos criminosos «certos»: demonstravam autoridade e experiência, os novatos não tinham o direito às tais tatuagens. 

Muito interessante é a versão de um lendário investigador da polícia ucraniana.

— Quem é Lenine? — perguntou ele. — O Líder da Revolução de Outubro. As três primeiras letras [em russo perfazem a abreviatura] VOR [ladrão]. Só isso. Lenine no peito é apenas uma designação: Ladrão. 

Fotografia/texto: Efrem Lukatsky

Bónus. Em agosto de 1967, dois jovens prisioneiros foram levados para o hospital prisional da cadeia operativa (SIZO №1) da cidade ucraniana de Donetsk. Eles foram trazidos para a enfermaria não para os tratamentos – lá foram lhes dissecadas as tatuagens de “conteúdo hostil”.

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quinta-feira, outubro 02, 2025

Ukrainian Railroad Ladies: projeto especial da NYT

Uma reportagem fotográfica em forma de um projeto especial foi dedicada às ferroviárias ucranianas e publicada pelo The New York Times. Chama-se Ukrainian Railroad Ladies e tem como autor o fotógrafo Sasha Maslov, escreve a página As Ucranianas.

O projeto / reportagem retratou 50 controladoras de tráfego e agentes de segurança da Ukrzaliznytsia (Caminhos-de-Ferro da Ucrânia) e visitou diferentes cantos da Ucrânia.

Natalia Mosoyan é uma das muitas mulheres que vigiam as passagens de nível na Ucrânia

Lyudmyla Borscht

Valentyna Borovyk

Tetiana Filatova

Svitlana Evstigneeva

Na Ucrânia, 80% das despachantes ferroviárias e inspetoras de segurança são mulheres, observa o The New York Times. No entanto, a maioria dos passageiros lhes presta pouca atenção. Estas mulheres trabalham em turnos de 12 horas, não nos escritórios, mas em pequenas casas junto aos carris.

“Enquanto o país e o mundo estão absortos em problemas maiores e urgentes, as mulheres com as suas bandeiras amarelas dobradas desempenham um papel importante, embora silencioso, na vida quotidiana. (...) As ferroviárias ucranianas são uma espécie de farol, insensível ao fluxo dos comboios/trêns e ao tempo.”

Svitlana Reshetchenko

Hanna Harlamova

Oksana Solohub

Tetiana Dobronozhenko

Respeito pelas ferroviárias ucranianas. Embora o seu trabalho seja frequentemente invisível para o público, é extremamente importante.

Fotos: Sasha Maslov, The New York Times.

Renascimento fuzilado: antologia da literatura ucraniana de 1917-1933

A autoria da metáfora “renascimento fuzilado” pertence ao intelectual polaco Jerzy Giedroyc. Utilizou esta expressão, pela primeira vez, numa carta em 1958, propondo-a como título de uma antologia da literatura ucraniana de 1917-1933.

Discutia-se que por um lado o título geral: “Renascimento Fuzilado. Antologia 1917-1933” soaria de uma forma impressionante. Por outro lado, o modesto título “Antologia” poderia facilitar a penetração do livro atrás da Cortina de Ferro. Decidiu-se, então, pelo título inicial. 

O Renascimento Fuzilado (também Renascimento Vermelho) é uma geração científica, educacional, espiritual, cultural, literária e artística das décadas de 1920 e 1930 na Ucrânia soviética, que produziu obras e realizações altamente artísticas nos campos da literatura, filosofia, pintura, música, teatro, cinema, educação e ciência, e que foi principalmente aniquilada fisicamente durante as duas ondas do terror comunista soviético (1935-36 e 1936-38). 

Ao longo de uma década (1921-1931), a cultura ucraniana conseguiu compensar o atraso e até superar a influência de outras culturas, em particular a russa, no território da Ucrânia (a 1 de outubro de 1925, existiam 5.000 escritores na Ucrânia socialista). 

A mais influente das associações literárias ucranianas foi «Hart», mais tarde renomeada «VAPLITE» (Academia Livre de Literatura Proletária). Foi a VAPLITE, representada por Mykola Khvylovy, que iniciou o famoso debate literário de 1925-1928 e o venceu, comprovando a existência e a necessidade de uma literatura nacional, específica e ucraniana, virada para a Europa e não para a rússia. 

Alguns dos reprimidos e perseguidos intelectuais ucranianos conseguiram escapar à morte e sobreviver nas prisões e nos campos de concentração soviéticos. Alguns deles conseguiram mesmo fugir dos campos de concentração (Ivan Bahryany). Após cumprir a sua pena, Ostap Vyshnya tornou-se um defensor obediente do regime estalinista, e Borys Antonenko-Davydovych, que só foi libertado, após a sua reabilitação em 1957, manteve-se em oposição ao regime soviético até ao fim da sua vida. 

Não existem números exatos sobre o número de intelectuais ucranianos reprimidos e perseguidos durante as repressões comunistas durante o período do Renascimento Fuzilado. Segundo algumas fontes, o número chegou às 30.000 pessoas. 

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De acordo com a avaliação da Associação de Escritores Ucranianos «Slovo» (uma organização de escritores ucranianos no exílio), enviada a 20 de Dezembro de 1954 ao Segundo Congresso de Escritores da União Soviética, em 1930, eram ativos 259 escritores ucranianos e, após 1938, apenas 36 deles (13,9%) viram as suas obras publicadas. Segundo a organização, 192 dos 223 escritores «desaparecidos» foram alvos de repressões do Estado soviético (fuzilados ou presos em campos de concentração com possibilidade de fuzilamento ou morte), 16 simplesmente desapareceram e 8 suicidaram-se. 

Estes dados estão em concordância com o martirológio de escritores ucranianos, «Altar da Dor» (compilador-chefe: Oleksa Musienko), que lista 246 escritores vítimas do terror estalinista. Este número é mais do dobro do total de escritores ucranianos aí mencionados que foram alvos de repressão de outros regimes, em particular, o período da ocupação nazi (55), da era Brejnev (29), no império russo pré-1917 (11), na Áustria-Hungria (3) e outros. De acordo com outros dados, de 260 escritores ucranianos ativos na década de 1930, 228 foram alvo de repressões comunistas. 

Bónus 

A primeira exibição pública de um filme no império russo foi organizada em Kharkiv pelo fotógrafo Alfred Fedetsky em dezembro de 1896. Em 1930 aconteceu a exibição do primeiro filme sonoro soviético: «Entusiasmo: Sinfonia de Donbas» (1931), filmado por Dziga Vertov na estúdio de cinema Ukrainfilm, em Kyiv.

A foto mostra a cidade de Kyiv num quadro do filme «O Homem com uma Câmara» (1929), de Dziga Vertov e produzido pelo estúdio de cinema ucraniano «Direção de Foto e Cinema de toda Ucrânia» (VUFKU).

domingo, setembro 28, 2025

Revelada a identidade de 13 comandantes russos, responsáveis ​​pelos crimes de guerra em Bucha

Uma investigação do The Sunday Times revela as identidades dos 13 comandantes russos, cujas tropas cometeram crimes de guerra contra os civis ucranianos na cidade ucraniana de Bucha, nos arredores de Kyiv, no início de 2022.

O jornal recorda o que aconteceu logo após a invasão russa da Ucrânia. As tropas russas ocuparam Bucha, um subúrbio de Kyiv, durante pouco menos de um mês. Durante estes 29 dias no início de 2022, cometeram crimes tão brutais que esta cidade ucraniana será para sempre sinónimo de crimes de guerra, a Srebrenica [ucraniana] deste conflito.

O grupo de 9 ucranianos, acusados de pertencerem à resistência TrO
e executados pelos ocupantes russos


Um dos sobreviventes

Centenas de moradores foram mortos e torturados; mais de 100 foram enterrados numa vala comum perto de uma igreja ortodoxa. Outros foram mortos enquanto tentavam escapar.

A cave de um campo de férias infantil foi convertida numa câmara de tortura, onde mulheres e crianças eram sistematicamente violadas. Os soldados degolavam, mutilavam vítimas e matavam pais à frente dos filhos.

Foram encontrados mais de 500 corpos de civis. Dezenas de outros continuam desaparecidos. As Nações Unidas classificaram o incidente como limpeza étnica e um crime contra a humanidade, mas a rússia afirma que a cena foi encenada pelos serviços secretos britânicos.

Durante as cinco semanas de ocupação russa de Bucha, segundo as autoridades municipais, morreram 458 civis, 419 dos quais foram executados ou morreram torturados. O nome da cidade tornou-se um símbolo da crueldade dos militares russos.

Entre [os comandantes russos] está o Coronel-General Alexander Chayko, comandante do Distrito Militar da Frente Leste, que liderou o exército russo no início da invasão e era o oficial russo de mais alta patente na Ucrânia.

É o Major-General Sergei Chubarykin, comandante da 76ª Divisão Aerotransportada da Guarda de elite. Os soldados sob o seu comando direto terão cometido a maioria dos crimes de guerra em Bucha, incluindo execuções, tortura e pilhagens em massa.

De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, o Coronel Azatbek Omurbekov, da 64ª Brigada Separada de Infantaria Motorizada, esteve pessoalmente envolvido em «graves violações dos direitos humanos», incluindo «ser diretamente responsável por assassinato, violação e tortura».

As suas identidades foram estabelecidas por advogados e investigadores independentes, utilizando informações OSINT, e todos os 13 foram confirmados pelos serviços de informação ucranianos.

Esta guerra é uma das primeiras em que os investigadores puderam utilizar imagens de CCTV, vídeos de telemóveis e redes sociais para processar criminosos de guerra.

Oito nomes foram verificados pelo Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia (GPU) e as alegações foram confirmadas por avisos oficiais de suspeita emitidos pela Ucrânia como uma etapa preliminar para um possível processo formal nos tribunais locais e no Tribunal Penal Internacional.

A rua central de Bucha, onde foi aniquilada a coluna militar russa

O cemitério das vítimas, muitos corpos continuam desconhecidos

Monumento às vítimas ucranianos de Bucha

Cinco indivíduos foram identificados através de notificações emitidas aos seus subordinados, cruzadas com registos militares russos disponíveis ao público. Nenhuma notificação de suspeita foi emitida para estes oficiais individualmente.

Mais de 80 militares sob o seu comando combinado já foram formalmente identificados como suspeitos dos crimes de Bucha. Muitos outros também participaram nestes crimes, mas ainda não foram identificados, segundo o Times.

Se um militar comete um crime, segundo as Convenções de Genebra, o seu superior não está isento de responsabilidade. No entanto, indiciar um comandante num tribunal internacional pelos crimes de um subordinado exige um elevado padrão de prova. Para condenar, os investigadores devem provar que os oficiais sabiam ou deviam saber que os seus subordinados estavam a cometer um crime e não tomaram todas as medidas possíveis para a sua prevenção.

Os procuradores devem apresentar provas que liguem uma unidade militar específica e os seus comandantes aos crimes.

O Sunday Times publicou fotos de cada participante identificado nos massacres sádicos, que podem ser clicadas para obter informações sobre cada um. Esses nomes são: 

Alexandre Chayko; Alexandre Sanchik; Azatbek Omurbekov; Valery Solodchuk; Iúri Medvedev; Andrey Kondrov; Sergey Chubarykin; Artem Gorodilov; Dinis Suvorov; Alexey Tolmachet; Vladimir Seliverstov; Vadim Pankov; Sergey Karasev.

Os autores do artigo explicam como conseguiram estabelecer as identidades destes indivíduos, as circunstâncias dos crimes e as provas obtidas durante a investigação.

A investigação foi conduzida com base em informações recolhidas pelo SBU, pelo Centro de Dossiers, procuradores ucranianos, informações das redes sociais e informações de fontes abertas de agências militares.

Os autores escrevem que, nas florestas de pinheiros nos arredores de Bucha, os investigadores locais continuam a encontrar os corpos de civis que para lá foram levados e executados.

O SBU afirma ter investigado mais de 100.000 crimes de guerra desde a invasão de 2022.

Em Kyiv, o Procurador-Geral da Ucrânia, Ruslan Kravchenko, está determinado a apurar a identidade dos militares russos que cometeram estes assassinatos.

«Pretendo apurar a identidade do maior número possível de militares russos que cometeram os assassinatos em Bucha» ...

«A última vez que um tribunal como este foi realizado foi após a Segunda Guerra Mundial. Mas ainda hoje, neste preciso momento, há criminosos a serem processados ​​por crimes cometidos há mais de oitenta anos», disse Kravchenko.

«Se continuarmos a receber apoio do Reino Unido, da União Europeia e dos Estados Unidos, alcançaremos certamente uma paz justa, e todos os criminosos de guerra serão punidos. Pode demorar dez ou vinte anos, mas certamente acontecerá». 

Ler mais The Sunday Times (somente aos assinantes); Novaya Gazeta (resumo em inglês).

💔 O terror aéreo russo dirigido contra as cidades e os civis ucranianos

Um ataque maciço da rússia à Ucrânia durou mais de 12 horas. Ataques selvagens, um terror deliberado e dirigido contra cidades comuns – quase 500 drones de ataque e mais de 40 mísseis, incluindo mísseis «Kinzhal». Esta manhã, os drones «shahed» russo-iranianos estão novamente nos céus da Ucrânia, escreve presidente Volodymyr Zelensky.






Os principais alvos dos ataques inimigos foram Kyiv e a região de Kyiv, as regiões de Zaporizhzhia, Khmelnytskyi, Sumy, Mykolaiv, Chernihiv e Odesa. Na capital, o edifício do Instituto de Cardiologia ficou danificado. Até ao momento, quatro pessoas foram mortas em Kyiv, incluindo uma menina de 12 anos. Em toda Ucrânia, sabe-se que pelo menos 40 pessoas ficaram feridas, incluindo crianças.


Instituto de Cardiologia de Kyiv após
os bombardeamentos russos dessa manhã

Uma unidade de produção de pão, uma fábrica de pneus, residências e edifícios de apartamentos, bem como outras infraestruturas civis, foram danificadas pelos ataques. Todos os serviços de emergência estão em funcionamento no local.

Cidade de Zaporizhia

Cidade de Zaprorizhia

Cidade de Sumy

Cidade de Sumy

Cidade de Kyiv

Este vil ataque ocorreu praticamente no encerramento da semana da Assembleia Geral da ONU, e é exactamente assim que a rússia declara a sua verdadeira posição. Moscovo quer continuar a lutar e a matar, e merece a mais dura pressão do mundo. O Kremlin beneficia da continuidade desta guerra e deste terror enquanto obtiver receitas com energia e operar uma frota «fantasma» de petroleiros. Ucrânia continuará a retaliar para privar a rússia destas fontes de receitas e obrigá-la a recorrer à diplomacia. Todos os que desejam a paz devem apoiar os esforços do Presidente Trump e travar quaisquer importações russas. O momento para uma ação decisiva já passou há muito tempo, e contamos com uma resposta firme dos Estados Unidos, da Europa, do G7 e do G20.

RIP Ilona Revut, 52 anos, cabelereira-estilista

A jovem ucraniana Oleksandra Polishchuk, de apenas 12 anos, foi hoje morta por terroristas russos com um ataque direto de um drone suicida, dirigido contra um prédio de habitação. A sua mãe está hospitalizada em estado grave.

RIP Oksana Polischuk, 12 anos

Uma mulher solitária vivia no quarto andar, acamada há mais de 10 anos após um AVC. Ligou para as pessoas que a socorriam para as avisar da chegada, e estas ligaram para a ambulância a avisar que havia uma pessoa no quarto andar que não conseguiria sair sozinha. Os socorristas chegaram a tempo. Ela respirava fumo e fogo. Ela está na UCI.



Uma mulher solitária também vivia no quinto andar e tinha paralisia cerebral. No ano passado também partiu a perna. A sua amiga de infância da casa em frente, que também ficou ferida, está à procura de informações sobre ela – não está em nenhuma lista e ninguém a viu/ouviu. Ela espera ter caído durante o alarme. Mas onde?.. 

Fotos: Efrem Lukatsky, Serviço DSNS