Como bónus as fotos tiradas pelos próprios ocupantes russos:
Universo Ucraniano / Ukrainian Universe
Enciclopédia da vida ucraniana histórica e contemporânea
terça-feira, agosto 19, 2025
O comboio/trem russo foi destruído em Tokmak em Zaporizhia
domingo, agosto 17, 2025
💔Guerra ucraniana capturada em fotos
Fotos: Vlad Novak @jst.novak
Violência gratuita como um marco civilizacional do «mundo russo»
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Imagem: Alesha Stupin (Igor Ponochevniy) |
Isto aplica-se não apenas aos moscovitas étnicos e não apenas aos portadores do passaporte russo. O autor destas linhas observou uma reacção semelhante na Crimeia, ainda completamente ucraniana, em 2004, na reacção dos ditos «pequenos burgueses», a populaça da Crimeia (incluindo as mulheres) em relação aos rumores de que o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych era um violador, na sua juventude. As emoções eram nem tanto de negação (embora as exigências ritualísticas «queremos as provas contundentes!» estavam presente, mas de forma bastante frouxa), mas sim, de apoio («com quem isso não aconteceu!»; «bem, foi uma violação ou foi por amor, quem sabe agora, é sempre difícil de dizer!»; e até «tantas pessoas fizeram isso na vida!»)
Esta é uma nuance importante na propaganda.
O moscovita não rejeita os crimes de guerra em Bucha, aprova-os.
Moscovita sabe perfeitamente que «algo alí aconteceu», e para uma parte significativa da população russa isto é um mero lapso e não um escândalo, alias, mais um incentivo para assinar o seu próprio contrato militar: se os soldados russos podem fazer isso, então eu também quero ser um soldado russo!
O mitologema já bem antigo (em parte historicamente correcto) sobre a omnipotência do NKVD-KGB funcionava de forma semelhante.
No moscovita médio, este enredo não causa horror e rejeição, mas horror misturado com deleite e um forte desejo de se aliar aos mais fortes.
Os factos comprovados sobre as violações em massa (incluindo menores, incluindo com subsequente tortura e assassinato) de mulheres alemãs em Berlim, NUNCA causaram a condenação do moscovita médio, mas apenas aumentaram o orgulho e o desejo de «podemos repetir».
Numa palavra, mensagens sobre atrocidades, agressões, tortura e violação — talvez (o autor não o afirma) são eficazes entre o público ocidental, mas definitivamente ineficazes para um público moscovita e pró-russo.
Não causam nenhuma desmoralização do inimigo.
A sua desmoralização é causada somente frente as situações e enredos em que os «seus meninos» se mostram indefesos, tornam-se vítimas e, mais importante, demonstram fraqueza, e não a força.
A agressão e a força são identificadores dos moscovitas.
A força impõe o maior respeito entre todas as outras qualidades humanas.
Além disso, na cultura popular russa, as vítimas de violência são sujeitas a humilhação. Como afirma um ditado russo, que normaliza o estupro: «Se cadela não querer — o cão não salta!» Mais ou menos o mesmo se afirma na sociedade moscovita sobre os homens estuprados (e assim humilhados e rebaixados) na hierarquia do sistema prisional russo. Onde o violador é visto claramente com aprovação, como uma pessoa forte e proativa. Já a sua vítima é vista com forte repulsa e, mais importante, como sendo eternamente disponível para mais violência e mais abusos. Físicos e emocionais. Assim de um tubarão que assim reage ao sangue no mar.
sábado, agosto 16, 2025
David Chichkan: SHARP, anarquista e artista gráfico que morreu pela Ucrânia
Era um anarquista consistente e sincero, com um carisma extraordinário, a capacidade de encontrar uma linguagem comum com pessoas de diferentes visões e posições de vida, sempre pronto a ajudar. David considerava-se um seguidor ideológico de Ivan Franko, Mykhaylo Dragomanov, Lesya Ukrayinka, Nestor Makhno. Estava convicto que só com a libertação social, seria possível a libertação nacional dos ucranianos, e o futuro da Ucrânia estaria numa sociedade igualitária e democrática, escreve o seu camarada Illia Vlasiuk.
Em meados dos anos 2000, David, filho, neto e bisneto de artistas, juntou-se à criação do movimento antifa em Kyiv. Nesses anos, os seus opositores eram frequentemente não só os movimentos intolerantes, principalmente à cultura punk ou à diferença, mas também apoiantes do pan-eslavismo (a ideia dos «três povos irmãos»). Sempre considerou os seus inimigos (e agiu em conformidade) os esquerdistas autoritários, estalinistas, apoiantes da URSS – aqueles que no Ocidente são chamados de tankies e que hoje servem à propaganda imperial russa. O jovem, que se identificava com a subcultura SHARP (skinheads contra o preconceito racial), provou corajosamente o poder da solidariedade com os seus punhos. David era cético em relação ao mundo da arte profissional. Autodenominava-se não como um artista, mas como desenhador. Embora tenha desenvolvido o seu próprio estilo artístico único, os heróis dos seus primeiros trabalhos eram antifas de rua e manifestantes. Diego Rivera, Heorhiy Narbut e Maria Prymachenko pareciam unir-se nele numa luta comum. Nas suas obras mais maduras, Chichkan voltou-se para os clássicos ucranianos, o populismo e a revolução ucraniana. David sempre se opôs ao establishment e impôs-lhe um discurso político sério. As realizações artísticas de David Chichkan são inestimáveis.
Chichkan dialogava com os seus camaradas e adversários com humor e sinceridade, apresentando sempre argumentos de ferro e reconhecendo os argumentos dos outros. Entre a esquerda, era considerado um dissidente fervoroso com quem era difícil argumentar. Os seus oponentes ideológicos apenas conseguiam «calar» David gritando, em vez de refutar as teses e os factos apresentados. Os extremistas destruíam as suas exposições e exigiram censura (e o establishment por vezes cedia), mas não o enfrentaram no debate público. Sentia conscientemente a sua ucranianidade, pois via o projeto da ucranianidade na luta contra todas as injustiças. David apoiou e participou em todos os processos políticos e protestos sociais dos últimos 20 anos, foi membro de várias organizações anarquistas e sindicais. Foi ativista do Maydan de 2013-14, criticou a oposição parlamentar pelos resultados pouco ambiciosos alcançados na Revolução de Dignidade. Sendo bastante famoso no mundo da arte, Chichkan sempre desmascarou a propaganda anti-ucraniana nas plataformas internacionais sobre o «golpe» ou a «junta nazi de Kiev».
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Lesya Ukrayinka |
Com o início da invasão russa de grande escala, não foi aceite no exército e David tornou-se o porta-voz gráfico dos e das combatentes antiautoritários/as doexército ucraniano. Tendo recuperado a saúde, David se mobilizou às FAU. Apesar da oportunidade de servir em condições mais seguras, Chichkan escolheu o simples posto de soldado operador de morteiro e a luta direta contra o fascismo, o imperialismo e o sistema totalitário russo – uma causa a que se dedicou e pela qual deu a vida.
A ideologia de David não era exclusivamente utópica, mas também prática, baseada na realidade da sociedade ucraniana. O civismo e o anarcossindicalismo, na sua visão, exigiam uma implementação concreta aqui e agora: preservar e expandir os direitos e as oportunidades dos trabalhadores e das mulheres, superar a opressão colonial e redistribuir a riqueza em favor daqueles que não a possuem. Considerava o fascismo russo a maior ameaça à implementação dessas ideias na atualidade. David combinou esta ideologia com uma abordagem prática como nenhuma outra e tornou-se um pilar e uma lenda do movimento anti-autoritário na Ucrânia.
David Chichkan deixa a sua amada esposa e o seu filho pequeno. O seu sorriso, apoio, sensibilidade e recetividade ficaram para sempre gravados na memória de inúmeros amigos e amigas. A sua causa será continuada, será continuada por outros combatentes e guerreiras, a escuridão será vencida e a vida será preenchida com fitas coloridas.
Blogueiro: apesar de não compartilhar as crenças ideológicas do David Chichkan, uma coisa está certa. David estava na linha da frente, defendendo Ucrânia com as armas nas mãos. A sua ação real superou quaisquer ideologia. Somente o podem criticar as pessoas que estejam nas fileiras das FAU...
A primeira emissão da Rádio Libertação para a Ucrânia, a 16 de agosto de 1954
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Ler mais sobre o serviço ucraniano da Rádio Libertação |
Em 1956 e 1957, foram publicadas as primeiras edições dedicadas à Rádio Libertação – coletâneas de reportagens transmitidas pela rádio. Agora pode lê-las na biblioteca eletrónica da Diáspora Ucraniana.
Caros irmãos e irmãs! Ucranianos!
Hoje, pela primeira vez, dirigimo-nos a vós pela Rádio Libertação. Vivemos no estrangeiro, mas os nossos corações e pensamentos estão sempre convosco. Nenhuma cortina de ferro nos pode separar ou obstruir isso. Hoje é para nós um dia de alegria, pois, pelo ar, a nossa vibrante palavra de saudação, alegria e esperança chegará até vós.
Mais de um milhão de nós, ucranianos, vivemos no estrangeiro. Há muito tempo que contamos às pessoas do mundo livre a verdade sobre a vida no nosso país. As primeiras transmissões ucranianas pela Rádio Libertação confiam-nos uma nova tarefa. Falaremos convosco e por vós, compatriotas, porque na nossa pátria não tendes liberdade, nem imprensa democrática, nem rádio livre.
Onde quer que estejamos... os nossos caminhos convergem para Kyiv e para as cidades e paisagens da Ucrânia... Rus de Kyiv, que se tornou o berço da existência da nossa nação ucraniana, foi um importante centro cultural, o foco de antigas liberdades democráticas na Europa de Leste. Através de Kyiv, a «mãe das cidades da Rus», a nossa cultura espalhou-se por todos os cantos da Europa de Leste. Mais tarde, na época de Khmelnytsky [século XVII], os cossacos deram à Ucrânia glamour e poder.
No fogo e na tempestade da Revolução de 1917, a Ucrânia foi restabelecida como um Estado independente. O nosso povo, ansiando por ser dono do seu próprio destino no seu próprio país, proclamava a República Democrática da Ucrânia (UNR). Isto foi feito de forma democrática – a manifestação da vontade soberana da nação ucraniana. Ocorreu de acordo com os princípios da autodeterminação dos povos. Mas a UNR foi vítima da agressão bolchevique. Para enganar o povo ucraniano, para o convencer de que nada tinha acontecido, os agressores converteram a UNR na República Socialista Soviética da Ucrânia, que a ditadura comunista transformou num instrumento de opressão do povo ucraniano.
Na luta contra o comunismo, a nossa terra natal fez grandes sacrifícios no altar da libertação. Mas temos fé na justiça de Deus. Estamos convencidos de que estes sacrifícios não foram feitos em vão e que Deus recompensará a Ucrânia por todo o seu sofrimento. A luta do povo ucraniano alcançará o seu objectivo.
E vós, povo ucraniano, «senhor da vossa casa», ocupareis o vosso lugar no «círculo dos povos livres». As palavras de Taras Hryhorovych Shevchenko, o adorado poeta nacional ucraniano do século XIX, vão concretizar-se: «E haverá um filho, e haverá uma mãe, e haverá justiça na terra. Porque «em nossa casa há verdade, força e vontade de liberdade».
sexta-feira, agosto 15, 2025
Cuba & Alasca: as meninas que salvam as vidas
As meninas festeiras e as estilosas têm um outro lado. Cuidem das vossas meninas. Podem salvar a sua vida um dia. Um filme contemporâneo sobre o trabalho agridoce das paramédicas ucranianas.
Troca dos POW: Ucrânia resgata os heróis e entrega os traidores
São prisioneiros políticos, médicos, membros das Forças Armadas da Ucrânia e do Serviço de Guarda-fronteiras. Há quem esteve em cativeiro desde 2014-2016, e o civil mais velho tem hoje 74 anos. Muitos deles têm ferimentos e doenças graves, o grupo necessita urgentemente de apoio médico e da reabilitação.
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Bohdan Kovalchuk antes do seu rapto pelas forças russas |
Um dos ucranianos libertados foi raptado na região de Donetsk em 2014 e passou 4.013 dias em cativeiro russo. Entre os libertos está Bohdan Kovalchuk, jovem que foi capturado pelos russos aos 17 anos e que passou 9 longos anos em cativeiro russo. A sua história é sobre indomabilidade e lealdade à Ucrânia. Em 2016, Bohdan tentou deixar Yasynuvata ocupada para visitar a sua avó em Toretsk para terminar os seus estudos e obter um diploma ucraniano.
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Bohdan Kovalchuk após o seu rapto pelas forças russas |
A viagem de regresso terminou em detenção – juntamente com outros cinco adolescentes, foi acusado de «terrorismo» e colaboração com o SBU. Em 2018, o pseudo-tribunal da dita «dnr» condenou Bohdan a 10 anos de prisão. Em 2019, os separatistas oereceram «perdão» aos prisioneiros ucranianos em troca da recusa em regressar à Ucrânia, todos concordaram, menos ele. Bohdan escolheu a liberdade na Ucrânia, mesmo sabendo que anos de tortura e prisões o aguardavam.
Ucrânia agradece aos Emirados Árabes Unidos por ajudarem a tornar possível esta troca, a todas as instituições ucranianas envolvidas e os militares das FAU pela coragem em capturar os POW russos, o que permite reforçar o “fundo de troca” da Ucrânia.
O defensor de Mariupol, marinheiro de guerra, Oleksandr Boychuk, desapareceu nas primeiras semanas da invasão russa de grande escala e não estava registado nas listas dos POW durante o primeiro ano do seu cativeiro, mas a sua mulher acreditou e esperou – finalmente, hoje foi libertado das masmorras russas.
Cada ucraniano, seja militar ou civil, deve regressar vivo do cativeiro russo. Isto é fundamental para alcançar uma paz justa e duradoura.
No decorrer da 67ª troca de prisioneiros de guerra, ocorreu um acontecimento importante: um cidadão ucraniano condenado aos 12 anos de cadeia por traição foi entregue à rússia. Natural de Chernivtsi e morador da Crimeia, Mykola (Nikolai) Fedorian, foi detido por colaborar com o FSB e condenado nos termos da Parte 5ª do Artigo 111º do Código Penal da Ucrânia.
quinta-feira, agosto 14, 2025
❗️General Kyrylo Budanov visitou as posições ucranianas na ilha Zmiiniy
O Chefe da GUR MOU inspecionou as forças ucranianas e os meios envolvidos na defesa da área aquática, em particular as chamadas torres de gás, que, como resultado das operações bem-sucedidas da GUR e de outras unidades das Forças de Segurança e Defesa da Ucrânia, foram recuperadas ao controlo legal e efetivo da Ucrânia.
No âmbito da sua viagem à região do Mar Negro, Kyrylo Budanov reuniu-se com oficiais no âmbito da estratégia geral e condecorrou também os operativos da GUR da «Unidade Especial Timur» pelo seu profissionalismo e coragem durante a defesa da Ucrânia nas condições da guerra com a rússia no Mar Negro.
Foi honrada a memória dos militares que tombaram durante a libertação da ilha Zmiiniy e das águas territoriais ucranianas do Mar Negro dos ocupantes russos.
“Honra aos combatentes do GUR e a todas as Forças de Segurança e Defesa da Ucrânia! A nossa luta eficaz contra o agressor no mar, em terra e no céu provou ao mundo inteiro que uma nação ucraniana unida é capaz de derrotar até um inimigo mais forte. Digam o que disserem, o futuro da Ucrânia depende apenas de nós. A luta continua!”, frizou o general Budanov.
Bónus
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A imagem meramente ilustrativa) |
Comunista letão, que lisonejava e desafiava o ditador soviético Estaline
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Yan Larry «As Aventuras Extraordinárias de Karik e Valia» |
Juntamente à carta, o autor, que assinava como «Kulidzary» (assim era chamado o exército persa, constituído por cristãos convertidos ao islão) enviou ao Estaline os primeiros capítulos do seu romance futurista «O Visitante Celestial», cujo texto fala sobre a pobreza do povo, discursos intermináveis nas reuniões, incompetência, liberdade de imprensa apenas imaginária, etc.
O nosso escritor anónimo diz que escreverá somente para Estaline: «Nenhuma figura histórica teve alguma vez o seu próprio escritor. Um escritor que escrevesse apenas para um grande homem. No entanto, na história da literatura, não encontrará escritores que tenham um único leitor... [...] Escreverei apenas para si, sem exigir para mim quaisquer medalhas, honorários, honrarias ou glória».
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A transcrição da carta original do arquivo do Estaline |
O primeiro capítulo começa quando um representante de Marte chega à Terra, onde, o poder soviético existe há 117 anos (ano 2034). O extraterrestre/alienígena estuda a vida na URSS e tira conclusões, muitas vezes pouco abonatórias: «Moscovo tornou-se a única cidade onde as pessoas vivem, e todas as outras cidades se transformaram numa província remota, onde as pessoas existem apenas para cumprir as ordens de Moscovo».
Imediatamente foi lançada uma investigação criminal, a carte e o manuscrito foram exaustivamente estudados pelas autoridades. Após quatro meses e sete capítulos enviados, o autor foi descoberto e preso pelo NKVD a 11 de abril de 1941. Era um escritor comunista, de origem letã, Yan Larry. Nem o início da guerra nazi-sovética impediu que o seu julgamento se realizasse a 5 de julho de 1941. O conselho judicial do Tribunal da Cidade de Leninegrado condenou Larry, nos termos do artigo 58-10 do Código Penal da rússia soviética («posição anti-soviética»), a uma pena de prisão de dez anos, seguida de perda de direitos cívicos por mais cinco anos.
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Yan Larry após a sua detenção pelo NKVD |
Do texto da acusação: “... Os capítulos desta história enviados por Larry ao Comité Central do Partido Comunista (Bolcheviques) foram escritos por ele a partir de uma posição anti-soviética, onde distorceu a realidade soviética na URSS e fez uma série de invenções caluniosas anti-soviéticas sobre a situação dos trabalhadores na União Soviética.”
O comunista convicto, que pretendeu lutar contra as «deficiências» do comunismo cumpriu os seus 15 anos do início ao fim e regressou a Leninegrado apenas em 1956, nas vésperas do XX Congresso do PCUS e da denúncia do culto da personalidade de Estaline. Em 1956 Larry foi reabilitado, em termos judiciais: «A sentença do Tribunal da Cidade de Leninegrado de 5 de julho de 1941 referente a Larry Yan foi anulada, e o caso foi encerrado devido à ausência de corpo de delito nas suas ações. Larry Yan foi reabilitado neste caso». Após a sua reabilitação, o ele continuou a escrever para crianças. Morreu e foi sepultado em Leninegrado.
Bónus
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quarta-feira, agosto 13, 2025
Gareth Jones, o jornalista que escreveu sobre o Holodomor na Ucrânia
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Annie Gwen, a mãe do Gareth R. V. Jones |
Se não tivesse comprado terras na Donbas (onde antes apenas os pastores com os seus cães costumavam ir), não tivesse construído lá uma casa, não tivesse fundado a sua empresa lá, provocando uma verdadeira revolução industrial na região, então talvez Annie Gwen, a mãe de Gareth Jones, não se tivesse tornado governanta dos seus netos. Foi ela que o ensinou em casa até aos sete anos de idade.
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Annie Gwen e família do Arthur Hughes |
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Arthur Hughes, filho do John Hughes |
Talvez se ela não tivesse contado ao filho sobre as estepes ucranianas, sobre as antigas Kyiv e Kharkiv «com as suas universidades e feiras mundialmente famosas», ele não teria ido para lá, não teria testemunhado o terrível crime de Estaline, não teria escrito sobre ele nos jornais mais famosos do mundo. E talvez o mundo nem sequer tivesse ouvido falar do Holodomor durante muito tempo. E talvez Orwell não tivesse escrito a sua «Revolução dos Bichos». Tais cadeias de acontecimentos estendiam-se desde o engenheiro galês.
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A capa da edição ucraniana de “A Revolução dos Bichos” (“A Quinta dos Animais”), 1947 |
Annie Jones deixou as memórias da sua estadia na Ucrânia. É certo que, para ela, tudo era a «rússia», a começar pela Polónia (que chamou de «rússia polaca», nessa altura a Polónia também era oprimida pelo império russo, a língua polaca era suprimida e proibida, os ocupantes russos tentavam impor o amor ao seu czar). Annie não separa os ucranianos dos russos, embora descreva os ucranianos com as sua canções e roupas bordadas. Permaneceu nas estepes de Donetsk apenas alguns anos e foi obrigada a fugir da epidemia de cólera. Mas ela lembrava-se muito desta viagem, em Kyiv ficou simplesmente maravilhada: «A sagrada e antiga Kiev apareceu diante dos meus olhos assim que atravessámos o vasto Dniepre. Fiquei impressionada com a onda de igrejas a brilhar no céu azul com as suas torres e cúpulas douradas. Vi uma grande multidão de peregrinos que tinham vindo aqui a pé da Sibéria». A época, descrita pelo escritor ucraniano Nechui-Levytsky na sua novela «Nuvens». Aí, ele, começando também pelos peregrinos de terras distantes até à Lavra (Mosteiro) de Pechersk, demonstra bem a total russificação e desprezo impostos pela cultura ucraniana, tanto nas cidades como nas aldeias.
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Os pais do Gareth Jones junto à casa |
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A casa do Gareth Jones em 2022 |
Em sua casa, na década de 1930, reuniam-se muitos jovens europeus, incluindo alguns simpatizantes nazis britânicos. Certa vez, Gareth Jones chegou a escrever aos seus familiares pedindo-lhes que não os cumprimentassem com a mão levantada e a exclamação «Heil». Quando voou no mesmo avião com Hitler (entrevistou o ditador alemão), escreveu os seus pensamentos: «Se este avião cair agora, certamente mudará a história».
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A campa do Gareth Jones em Barry |
Como os habitantes locais ficam surpreendidos quando os ucranianos lhes falem de todas estas pessoas. Principalmente sobre John Hughes, que fundou a moderna Donetsk. Eles não acreditavam nisso ao princípio. Para muitos aqui, parece que estão a descobrir a sua própria história através da história ucraniana.
Texto e fotos: a jornalista ucraniana Antonina Maliei